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"Eu absorvi bastante o conteúdo e isso é muito importante para nós, que estamos começando relacionamentos. Serve para sabermos nos posicionar, nos defender e também ajudar as pessoas ao nosso redor e que estão passando por situação de violência", destaca Ryane, de 15 anos, aluna da Escola de Educação Básica Estadual Daniela Pereira, no bairro Gravatá, em Navegantes. O auditório da escola ficou lotado para a palestra da Promotora de Justiça Bianca Andrighetti Coelho, da 2ª Promotoria de Justiça da comarca. A iniciativa fez parte do Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização do combate à violência doméstica contra mulheres. Em alusão à campanha, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) tem promovido por todo o estado rodas de conversa educativas e palestras para instruir sobre como romper a espiral de agressões.

No telão, uma frase impactante convidava os alunos do primeiro ano do ensino médio a refletirem sobre a violência doméstica contra a mulher. "Oi, meu nome é Maria. Conheça minha história e transforme o futuro da sociedade". A campanha do MPSC foi o ponto de partida para a Promotora de Justiça expor a realidade e alertar os jovens.

Em mais de uma hora, os estudantes puderam conhecer um pouco do que acontece no cotidiano, dentro dos lares, com ênfase no histórico de violência contra a mulher no Brasil, as conquistas no combate a esse tipo de crime, a legislação que protege as mulheres e pune os agressores, bem como onde buscar apoio. A Promotora de Justiça também falou sobre as três fases de agressões contra mulheres em uma relação afetiva, que podem ficar cada vez mais graves. Ela destacou que identificar comportamentos nocivos do parceiro é essencial para romper a espiral da violência.


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Identifique as fases

Na fase um, o agressor demonstra irritação com assuntos irrelevantes, tem acessos de raiva, faz ameaças à companheira e a humilha. Na maioria das vezes, a vítima nega os acontecimentos e passa a se culpar pelo comportamento do agressor.

Na fase dois, o agressor perde o controle e materializa a tensão da primeira fase, violentando a mulher. É nesse momento que muitas mulheres tentam buscar ajuda, denunciando o caso.

Na terceira fase, o agressor demonstra arrependimento, promete que não irá repetir os atos de violência, culpa a bebida e busca reconciliação. Por um tempo até torna-se mais carinhoso, muda as atitudes, estreita os laços e aumenta a intimidade. A vítima desiste de denunciar e alimenta a esperança de que o agressor mude o comportamento e não repita as agressões.

"É importante que a sociedade entenda como funciona o ciclo da violência. No caso das meninas, para que não sejam vítimas no futuro e possam auxiliar pessoas conhecidas que passam por um relacionamento tóxico. No dos meninos, para que não cometam abusos nos relacionamentos que iniciam. É importante saber como tratar uma mulher e o papel do homem dentro dos relacionamentos para que situações de abuso não se tornem comuns", destaca a Promotora de Justiça.

Atenta à fala da Promotora de Justiça, Alice, de 15 anos, tem a mesma opinião: os homens também precisam ter conhecimento sobre a situação de violência doméstica vivenciada pelas mulheres. "Muitos homens acabam absorvendo esse comportamento porque observam os pais ou tios cometendo esse tipo de violência. Então, eles precisam saber dessa realidade para não replicar o comportamento e fazer outras mulheres sofrerem", diz.

Para a diretora da escola, Luciana Santos, trazer esse assunto ao ambiente escolar é a melhor forma de conscientizar os alunos. "Saber que todos têm direitos e deveres; a importância de valorizar a mãe, a esposa. Todo movimento é sempre bem-vindo, porque estamos trabalhando com a formação do cidadão. Toda essa articulação chega aos lares e isso vai mudando a comunidade", completa.

Sobre o Agosto Lilás

O Agosto Lilás é uma campanha de enfrentamento à violência contra a mulher. A campanha foi criada em alusão à Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006 para combater a violência doméstica no Brasil. Acompanhe no portal do MPSC a campanha "Oi, meu nome é Maria", com histórias de mulheres vítimas de violência e que procuraram os centros de apoio para receber ajuda.

Rádio MPSC

Ouça o MPSC Notícias sobre o tema com a Promotora de Justiça Bianca Andrighetti Coelho.

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