O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) obteve, em recurso dirigido ao Tribunal de Justiça, a suspensão dos alvarás e licenças que autorizam a continuidade das obras no loteamento Residencial Domus Vila Moema, em Tubarão. A decisão também determina que as empresas Boabaid Incorporações Ltda. e Villa Farnese Incorporações Ltda. façam o estudo de impacto de vizinhança. No caso de descumprimento da medida, as empresas deverão pagar multa diária de R$ 1.000,00. 

O objetivo da ação civil pública da 6ª Promotoria de Justiça de Tubarão é proteger e manter o meio ambiente equilibrado e garantir a mobilidade urbana. De acordo com o Promotor de Justiça Diego Henrique Siqueira Ferreira, autor da ação, a concessão de licença e alvará sem a observância de todas as exigências legais, como é o caso do estudo de impacto de vizinhança, pode trazer graves danos ao meio ambiente, ferindo o princípio da prevenção. "O problema reside justamente nos possíveis danos irreversíveis que podem ser causados ao meio ambiente e à mobilidade urbana no Município de Tubarão caso o empreendimento venha a ser implementado sem a realização do estudo de impacto de vizinhança, bem como sem análise técnica acerca da interrupção às vias existentes". 

Em 2018, o MPSC instaurou um inquérito civil para acompanhar a apuração da regularidade do condomínio urbanístico. Diante do aval por parte do Departamento de Coordenação de Aprovação de Projetos de Tubarão, a Promotoria de Justiça recomendou a não aprovação da instalação do condomínio fechado. A recomendação considerou, ainda, "além do direito constitucional ao meio ambiente equilibrado e da atribuição que a Constituição Federal delega aos Municípios de promoção do adequado ordenamento territorial, a legislação municipal que prevê: 'do condomínio urbanístico não poderá interromper o prolongamento das vias: arteriais, coletoras, marginais de rodovias, ferrovias e fundos de vales'".

Como a recomendação não foi aceita, no início deste ano, a Promotoria de Justiça ingressou com uma ação civil pública para impedir a continuidade das obras do loteamento. Entre os pedidos, a ação requereu a suspensão dos alvarás e licenças ambientais, a averbação do registro de incorporação do condomínio Residencial Domus Vila Moema e o pedido de realização de estudo de impacto de vizinhança. Na ocasião, a medida liminar pleiteada pelo Ministério Público foi parcialmente atendida pelo Juízo da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Tubarão. 

O Ministério Público, então, ingressou com um recurso, denominado "agravo de instrumento", no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. A decisão, agora, acatou todos os pedidos da Promotoria de Justiça, e suspendeu os alvarás de licença para implantação de condomínio urbanístico, assim como as licenças ambientais expedidas pelo Município de Tubarão, por meio da Secretaria de Urbanismo, Mobilidade e Planejamento. As empresas devem, ainda, apresentar o estudo de impacto de vizinhança em até 90 dias. No caso de descumprimento da medida, as empresas deverão pagar multa, que será revertida ao Fundo para Reconstituição de Bens Lesados.




Quem é responsável pela documentação na hora de construir?

No vídeo, o Promotor de Justiça Paulo Antonio Locatelli detalha o que é necessário para que uma construção esteja de acordo com a legislação.