O Conselho de Sentença acatou a tese do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e reconheceu a materialidade, confirmou a autoria do crime por tentativa de feminicídio, com emprego de asfixia e com a agravante do crime ter sido cometido na presença dos filhos da vítima. O homem que tentou matar sua ex-companheira foi condenado a 16 anos e quatro meses de reclusão. O tribunal do júri ocorreu durante toda a tarde desta quinta-feira (22/6).
De acordo com a denúncia da 9ª Promotoria de Justiça da Comarca de Blumenau, o réu não aceitava o fim da relação, rompido no início de 2022, quando quebrou o celular da ex-companheira e a agrediu no rosto. Poucos dias depois do fim do relacionamento, ele invadiu a casa da vítima, onde havia morado.
Era fim de tarde do dia 24 de janeiro, quando o réu, aproveitando da relação íntima que havia mantido com a ex-companheira e em sentimento de posse, tentou matá-la. Os filhos da vítima, uma menina de 12 e um menino de seis anos, assistiram toda a violência perpetrada pelo ex-padrasto.
Para o Promotor de Justiça Guilherme Schmitt, que atuou no Tribunal do Júri, a situação era muito complicada e delicada, porque tinham crianças na cena do crime, inclusive a menina que teve que defender a mãe para impedir que ele consumasse o homicídio.
"São questões delicadas e sempre difícil de abordar num plenário de júri. Mas, o julgamento ocorreu a contento. Foi desenvolvido da melhor forma possível para um julgamento dessa espécie e o Conselho de Sentença acabou acatando a tese do MPSC de tentativa de feminicídio. Dá para considerar que o resultado de 16 anos e quatro meses de reclusão foi justo, de acordo com o que continha na denúncia", comentou o Promotor de Justiça.
Na tentativa de matar a ex-companheira, o réu apertou o pescoço para asfixiá-la e ainda desferiu chutes no rosto e mordeu o braço da vítima em um local onde ela tinha um tumor. O réu ainda tirou um garfo das mãos de uma das crianças e tentou ferir a ex-companheira com o talher. Só não conseguiu feri-la com o garfo porque o objeto entortou.
Não obtendo sucesso na sua intenção de matar usando o garfo como arma, o criminoso voltou a asfixiá-la. Ela estava perdendo forças e não conseguia mais se defender da ação criminosa do ex-companheiro. Numa tentativa desesperada de salvar a mãe da morte, a filha desferiu golpes de faca no réu. O homem ainda tentou correr atrás da mulher e das crianças, porém como estava ferido, acabou caindo.
A prisão preventiva do réu foi mantida e a ele foi negado o direito de responder em liberdade.