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A Promotoria de Justiça da Comarca de Urubici criou o projeto Construindo minha voz para dialogar com a comunidade sobre o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. Durante o mês de setembro, a Promotora de Justiça Raíza Alves Rezende desenvolveu várias atividades voltadas à conscientização, como entrevistas em rádios e palestras para estudantes e famílias vinculadas ao serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Paralelamente a isso, ocorreu o concurso de redação escolar O corpo é meu, alcançando cerca de mil alunos das escolas Araújo Figueiredo e Manoel Dutra Bessa. A iniciativa faz parte do Transformação MP.

A cerimônia de premiação ocorreu na noite de terça-feira (3) e lotou o fórum da comarca. O evento teve a presença de alunos, pais, professores, autoridades e munícipes. Os vencedores receberam certificados e alguns presentes, como kits do programa Cultivando Atitudes, com mochila ecológica, marca-páginas, folder explicativo, estojo e um lápis-semente com frases de incentivo à cidadania.

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"O principal objetivo do concurso foi aprofundar o debate com alunos, professores e pais. As pessoas precisam entender a gravidade desses crimes e a importância de se conversar com as crianças e adolescentes para que possam cada vez mais se autoproteger e também buscar um adulto de confiança para que as denúncias sejam feitas quando necessário", diz a Promotora de Justiça Raíza Alves Rezende.

Os textos refletem as percepções dos estudantes sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes. Um deles traz um tom de desabafo. "O corpo é meu, e ninguém pode me tocar. O corpo é meu, e não vou me calar. O corpo é meu, e não irei me intimidar. O corpo é meu, e irei denunciar", escreveu a aluna Nayara.

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"A cultura machista em que estamos inseridos dissemina valores como a culpabilização da vítima, e muitas vezes a mulher se cala porque pensa que é a culpada pela violência que sofre. A passividade diante de tais situações cede espaço para o crescimento de comportamento violentos dentro da sociedade", escreveu Emily, vencedora da categoria que reuniu alunos do nono ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

"Muitas pessoas são contra a educação sexual na escola, mas acredito que seja por terem uma ideia errada sobre esse tipo de educação. A educação sexual não é ensinar ou incentivar crianças e adolescentes a iniciarem uma vida sexualmente ativa, a educação sexual é conhecer o próprio corpo, é saber seus limites, quem pode encostar em você ou não, é prevenir uma gravidez precoce, é entender que você é dono do seu corpo e todos devem respeitar quando não quiser ser tocado", escreveu Mirella, vencedora da categoria que reuniu estudantes do sexto ao oitavo ano do Ensino Fundamental.

 Uma das participantes, cujo nome não será mencionado, relatou que sofreu violência no âmbito familiar. O texto não será publicado para preservar a imagem da adolescente. A Promotoria de Justiça a encaminhou para atendimento no Centro de Referência de Assistência Social.

REDAÇÕES VENCEDORAS

Categoria nono ano e Ensino Médio:

1º lugar: Emily, 9º ano

É inegável o fato de que na sociedade brasileira contemporânea a igualdade de gêneros é algo que existe apenas na teoria. Medidas como a criação da lei Mulher, apesar de auxiliarem na fiscalização contra a violência ao sexo feminino e na proteção das vítimas, são insuficientes e pouco eficazes, algo comprovado através da alta taxa de feminicídios ocorridos em nosso país, além de enormes índices de relatos de vítimas de violência.

O aumento notório de crimes contra a mulher registrados nas últimas décadas, deve-se a inúmeros fatores. A burocracia presente nos processos de atendimento as vítimas de estupro, por exemplo; recebem acompanhamentos psicológicos adequados, sendo orientadas a realizar o exame de corpo delito, procedimento por vezes invasivo. Além disso, é comum que o relato da vítima tenha sua veracidade questionada, não recebendo a atenção necessária. Com o afastamento de possíveis denúncias, não há redução no número de assassinato e de episódios violentos.

A cultura machista em que estamos inseridos dissemina valores como a culpabilização da vítima, muitas vezes a mulher se cala porque pensa que é a culpada pela violência que sofre. Acredita-se também que apenas a violência física e sexual deve ser denunciada ou que a opressão moral é algo comum. A passividade diante de tais situações cede espaço para o crescimento de comportamento violentos dentro da sociedade.

Tendo em vista as causas dos altos índices de violência contra a mulher, é necessário que haja intervenção governamental para aprimorar os órgãos de defesa contra tais crimes, de modo a tornar o atendimento mais rápido e de forma mais atenciosa.

Não confundam amor com violência! Nada justifica um homem espancar uma mulher; que a nossa voz seja ouvida e a nossa vida seja valorizada.

2º lugar: Naiara, 9º ano

O corpo é meu e ninguém pode me tocar

O corpo é meu e não vou me calar

O corpo é meu e não irei me intimidar

O corpo é meu e irei denunciar.

O corpo é meu e você não pode me obrigar

O corpo é meu e você não pode me agarrar

O corpo é meu e você não pode me incentivar

O corpo é meu e você não pode me culpar.

O corpo é meu e você tem que me respeitar

O corpo é meu e se preciso for irei chorar

O corpo é meu e você não pode me acariciar

O corpo é meu e o mesmo me pertence.

E não, você não vai me encurralar

Não, você não vai me matar

Não, eu não estou sozinha, e não vou me calar!

3º lugar: Mayara, 9º ano

A violência é um problema que assola nossa sociedade e afeta a vida de milhões de pessoas. Seja ela física, psicológica ou verbal, seus efeitos são devastadores e deixam marcas profundas na vida das vítimas. É importante entender que a violência não se resume apenas a agressão física, ela também se manifesta de forma sutil, como o Bullyng, a discriminação e os preconceitos. Essas formas de violência são igualmente prejudiciais e merecem atenção de toda a sociedade.

Para mim, um dos principais fatores para a violência é a desigualdade social. Quando há uma grande disparidade entre os indivíduos em termos de acesso à educação, saúde, moradia e emprego, aumentam as chances de conflitosa e tensões sociais. Além disso, a falta de políticas públicas eficientes para combater a violência também é um grave problema. É necessário investir em programas de prevenção, capacitação profissional e integração social para combater as causas da violência.

A educação desempenha um papel fundamental nas prevenções, precisamos ensinar desde cedo valores, respeito, tolerância e empatia. Além disso, é importante promover o diálogo e a resolução de forma pacífica dos conflitos. A mídia também tem responsabilidade nesse cenário. A exposição constante a violência, em filmes, séries e jogos influencia muito negativamente o comportamento das pessoas, tornando-as mais propensas à agressão.

É fundamental que cada indivíduo assuma a sua responsabilidade na luta contra essas violências. Devemos denunciar casos de agressão, apoiar as vítimas e buscar soluções para os conflitos. A violência não pode ser tolerada em nenhuma circunstância. Precisamos trabalhar juntos para construir uma sociedade mais justa, igualitária e pacífica. Somente assim poderemos viver em um mundo livre de violências e seus efeitos devastadores.


Categoria sexto ao oitavo ano

1º lugar: Mirella, 8º ano

Muitas pessoas são contra a educação sexual na escola, mas acredito que seja por terem uma ideia errada sobre esse tipo de educação. A educação sexual não é ensinar ou incentivar crianças e adolescentes a iniciarem uma vida sexualmente ativa, a educação sexual é conhecer o próprio corpo, é saber seus limites, quem pode encostar em você ou não, é prevenir uma gravidez precoce, é entender que você é dono do seu corpo e todos devem respeitar quando não quiser ser tocado.

A educação sexual é muito importante para que crianças e adolescentes consigam reconhecer um abuso ou assédio e assim sentirem confiança para comunicar um adulto responsável. Muitas das vezes o abuso acontece dentro de casa e a criança ou adolescente não se sente bem falando com seu responsável, por isso é importante estabelecer um relacionamento saudável na escola, para que nesse caso possam se comunicar e juntos denunciar.

3º lugar: Hellen, 6º ano

Aquele ditado "é mais fácil ensinar uma mulher a se vestir do que um homem a se controlar" não isso não é verdade por que todos temos o direito, de usarmos a roupa que quisermos. Os assédios, estupros também acontecem em casa, por padrastos, avós, pais, tios, parentes em geral, mas isso não é bom porque causa um trauma maior, nas crianças adolescentes as vezes isso é feito por uma pessoa que a gente, ama muito e isso é ruim.

Uma criança pequena não pensa muito, se uma pessoa chegar na criança e perguntar se ela quer um doce, ela vai dizer que quer, por isso eles vão se aproveitar das crianças. Oferecem não só doce mas alguns objetos que chamem sua atenção, um brinquedo, até mesmo dinheiro e assim ganham sua confiança. No momento eles se aproveitam da inocência de uma criança, isso pode levar meses, dias e semanas para os pais descobrirem que a criança era amável, educada começa a ser estressada, começa a responder os pais, no mesmo instante chorona, ela muda de comportamento, até que os pais descobrem que seu filho está sofrendo abuso de alguém próximo da família.

A minha opinião sobre tudo isso de abuso é que uma pessoa que sofre pode ter ansiedade, estresse, depressão e muito mais, então temos que nos unir. Se uma pessoa está triste pergunte se ela precisa de ajuda. Temos que nos ajudar para um mundo melhor, então vamos nos unir e dizer não ao assédio sexual e sim a vida e sermos felizes.