Detalhes do crimePassaram-se dois anos e 11 meses desde o fatídico dia em que Mariane, ao sair do trabalho em uma cafeteria que fica em um supermercado no bairro São João, em Itajaí, aceitou a carona de Shirlene para ir para casa. De acordo com a ação penal, desde que se mudou para um bairro mais distante do serviço, Mariane contava com o marido, que ia buscá-la, ou usava como transporte um carro de aplicativo, e, quando isso acontecia, mandava a localização para a filha. Porém, Shirlene já havia buscado Mariane algumas vezes na saída do supermercado. As duas eram vizinhas e mantinham um laço de amizade.
A ré esperava a vítima na saída do estabelecimento onde trabalhava. Segundo consta nos autos, o crime foi premeditado, tendo Joedison como autor intelectual da trama que acabou na morte da esposa. Ao entrar no carro que Shirlene dirigia, a vítima foi surpreendida por Lucas e um menor de idade que estavam no veículo. Com o carro em movimento, eles a seguraram e, na sequência, passaram a golpeá-la com faca.
Segundo a ação penal, o sumiço de Mariane foi notado por pessoas próximas a ela. O marido alegava que ela havia pegado um carro de aplicativo, e a filha estranhou que a mãe não houvesse enviado sua localização. Em depoimento, uma colega de trabalho alegou que Mariane não usou a saída destinada para espera do carro de aplicativo. A dona da cafeteria, por sua vez, começou uma busca por câmeras de segurança na vizinhança. Foi quando o carro usado no crime foi identificado.
Para ocultar o corpo, Shirlene dirigiriu até a altura da ponte na BR-101 que liga Itajaí e Navegantes. Lá, os criminosos amarraram mãos e pés da vítima já morta, e lançaram o corpo no rio Itajaí-Açu. Em seguida retornaram para a casa de Lucas, onde tomaram banho e se livraram das roupas sujas de sangue e, depois, rumaram para a casa Shirlene. Somente após a confirmação de que o plano tinha sido executado, o marido registrou um boletim de ocorrência do suposto desaparecimento da vítima. Com a finalidade de simular um assalto para induzir a perícia a erro, o carro usado no crime foi desconfigurado e abandonado em Navegantes.
Casa Mariane para atendimento a vítimas de violência doméstica
Quatro meses após a morte de Mariane, o Centro de Evangelização Integrada, congregação religiosa da qual ela fazia parte, fundou a Casa Mariane para prestar apoio a vítimas de violência doméstica e familiar. O projeto, implantado em agosto de 2021, é mantido pela igreja e tem uma equipe para dar assistência jurídica e psicológica a essas mulheres. "O que aconteceu com a Mariane foi um choque para a comunidade evangélica que a vítima frequentava. A partir do que ocorreu, foi fundado o projeto , conta Danelise de Oliveira da Silva, diretora da Casa Mariane.
"A Mari sempre passou muita leveza, gentileza, distribuía sorrisos, e de repente é vítima de uma situação dessas. Não sabemos se ela já passava por um casamento abusivo. Então, não queremos que outras mulheres passem por isso, é que nós estejamos ali para ouvi-las e acolhê-las", conclui.
Ação penal de competência do júri n. 5010704-10.2021.8.24.0033