Nos corredores do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a presença das mulheres ganha força e protagonismo. Nos últimos anos, o MP catarinense tem testemunhado um crescimento significativo da presença feminina em seus quadros. Nesta sexta-feira, 8 de março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Para marcar a data e o mês da mulher, vamos conversar com Procuradoras de Justiça, Promotoras de Justiça e servidoras para mostrar, por meio do olhar delas, o crescimento significativo da participação feminina na instituição.

Para abrir a série, assista aos vídeos das Procuradoras de Justiça Heloisa Crescenti Abdalla Freire e Lenir Roslindo Piffer.


Com 41 anos de carreira, a Procuradora de Justiça Heloisa Crescenti Abdalla Freire foi uma das primeiras mulheres a ingressar como Promotora de Justiça no MP catarinense. "Entrei muito nova na instituição, com apenas 23 anos. Fui a nona mulher a ingressar. Para se ter uma ideia, a primeira mulher a entrar por concurso público foi a Promotora de Justiça Hercília Regina Lemke, em 1972. Só sete anos depois entrou a segunda: Rosa Maria Garcia", lembrou. Por serem poucas mulheres, os desafios e preconceitos eram inúmeros. "Passei por comarcas em que nunca tinha havido uma mulher Promotora. Cansei de abrirem a porta do meu gabinete e falarem 'A senhora é a secretária do Promotor?' ou 'O Promotor não está?', e eu dizia 'Eu sou a Promotora'. Entramos em uma carreira que era, até então, muito masculina", reforçou.

A Procuradora de Justiça Lenir Roslindo Piffer também teve uma carreira de desafios. "Entrei no Ministério Público depois que me casei. Então, optei pela carreira e só depois de cinco anos tive filhos", contou.

Aos poucos essa realidade vai se transformando no MPSC. Em 1972 havia apenas uma mulher no quadro de membros; em 2024, esse número subiu para 188. Os números dos concursos públicos para membros revelam uma trajetória ascendente, em que as candidatas têm se destacado e moldado o futuro da instituição.  "Acredito que ainda temos muito para avançar. É uma luta árdua ainda. Por ser mulher, precisa mostrar um trabalho maior ainda para ser reconhecida, mas todas nós podemos estar em todas as posições", afirmou Lenir.

"Hoje somos respeitadas, temos bastante espaço, mas precisamos evoluir muito, principalmente nos cargos de poder. Aí sim, estaremos em uma posição melhor de igualdade", destacou Heloísa.

Por já terem vivido tantas histórias e desafios e conquistado espaços na história do Ministério Público catarinense, as Procuradoras de Justiça garantem que estar aqui é gratificante e abre as portas para outras mulheres. "Venham para o MP. Ser Promotora de Justiça é muito bom. É muito bom fazer algo pela sociedade e pelas pessoas que a gente representa", disse Heloísa. "Vir para o MP foi uma escolha minha de que eu não me arrependo e por isso digo para outras mulheres que venham conhecer e fazer parte do Ministério Público catarinense para que tenhamos uma sociedade mais justa e solidária com o trabalho e a força da mulher", completa Lenir.

Mulheres lideram o crescimento no MPSC

Desde o 23º concurso público para ingresso na carreira, que contou com 14 homens e cinco mulheres, até o 43º concurso, com 11 homens e 13 mulheres, os números revelam uma mudança significativa na composição de gênero dos aprovados. Em diversos concursos, o número de mulheres superou o de homens, consolidando uma ascensão gradual e consistente.

O destaque está no 40º concurso público, em que 23 mulheres foram aprovadas em comparação com 16 homens - um marco no equilíbrio de gênero na instituição.

Entre os servidores, o crescimento do número de mulheres também aconteceu gradativamente. Atualmente, o quadro de servidores efetivos do MPSC é composto por 322 homens e 237 mulheres, demonstrando uma presença significativa de ambos os gêneros. No entanto, é nas posições comissionadas que as mulheres se destacam, totalizando 845 servidoras em comparação com 262 homens. Além disso, entre estagiários e voluntários as mulheres também predominam, com 1.071 participantes em contraste com os 390 homens envolvidos nessas atividades.

"Esses números refletem não apenas a maior representatividade feminina em diversas áreas e níveis de responsabilidade dentro do Ministério Público, mas também um progresso na promoção da equidade de gênero e na valorização do potencial das mulheres no serviço público", afirmou a Secretária-Geral do MPSC, Claudine Vidal de Negreiros da Silva.

O Procurador-Geral de Justiça, Fábio de Souza Trajano, acredita que o avanço feminino no Ministério Público de Santa Catarina reflete "não apenas a inclusão crescente das mulheres em todos os níveis de atuação, mas também o compromisso com uma sociedade justa, solidária e igualitária. Nossa missão é defender a sociedade que acompanha as mudanças sociais, é essencial promover e valorizar o protagonismo feminino", afirmou.

A busca pela equidade transcende os dados, refletindo na atuação diária das servidoras, que defendem direitos fundamentais e promovem uma sociedade mais justa. A valorização da diversidade contribui para fortalecer a instituição e promover uma atuação mais eficaz em prol da sociedade catarinense.