Com a temática deste Setembro Amarelo, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) quer lembrar que você realmente importa, então, se precisar, peça ajuda! Ao longo do mês de conscientização sobre a saúde mental,o MPSC vai às ruas, ao encontro da comunidade, para entregar materiais de orientação a respeito da saúde mental e da prevenção ao suicídio. Buscando trazer visibilidade a essa temática tão importante, também serão divulgadas ações e informações em nossas redes sociais. 

O Setembro Amarelo está no calendário nacional desde 2013, quando Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), deu notoriedade ao tema. Desde então, a campanha tem salvado vidas e é atualmente a maior campanha antiestigma do mundo. O dia 10 de setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.  

Muitos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Nesse cenário, o Ministério Público tem procurado fortaleceras políticas públicas, ampliar o acesso aos serviços da rede de atenção psicossocial e promover os direitos da comunidade para que possamos evitar essas perdas, oferecendo tratamentos adequados e espaços não excludentes, que promovam saúde e acolhimento.

O risco grave e a tentativa de suicídio são emergências médicas, condições de saúde como todas as outras. Por isso, deve-se acionar imediatamente os serviços de urgência, como SAMU, UPA e pronto-socorro. Lembre-se: a pessoa não pode ir sozinha!   

Se não há risco iminente, o atendimento de um médico psiquiatra e de um psicólogo podem ser buscado nos serviços de saúde disponíveis na sua região, como postos de saúde e o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Muitas pessoas estão dispostas a ajudar, inclusive nós. O Ministério Público trabalha para garantir que você tenha o atendimento necessário e adequado na rede de saúde; caso isso não aconteça, você pode nos procurar.  

O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública, o Promotor de Justiça Douglas Roberto Martins, esclarece que "as pessoas podem buscar diretamente os Promotores de Justiça de todo o estado. Vão receber atendimento, vão ser acolhidas, vão ter a sua demanda ouvida e encaminhada para garantir os direitos que estejam sendo eventualmente negligenciados ou negados. O Ministério Público não vai atender diretamente quem esteja com uma demanda de saúde mental, mas vai fazer o encaminhamento para a rede de saúde, vai fazer essa articulação com a rede e garantir que o atendimento aconteça no âmbito do Sistema Único de Saúde, tanto da pessoa que esteja precisando do atendimento quanto dos familiares".   

Como identificar que uma pessoa está precisando de ajuda?  

O suicídio é um problema de saúde pública que impacta toda a sociedade, um fenômeno complexo em que as pessoas pensam rigidamente pela distorção que o sofrimento emocional impõe. Quando alguém decide tirar sua própria vida, os sentimentos, pensamentos e ações se apresentam tão restritivos que a pessoa se sente incapaz de encontrar outra saída; somente o suicídio faz sentido. Nesse momento, é muito importante que as pessoas ao redor consigam identificar a situação, mostrar que querem ajudar e procurar um médico, psiquiatria ou psicólogo, profissionais que vão saber como manejar o caso.   

A médica psiquiatra e presidente da Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), Deisy Mendes Porto, conta quais são os primeiros sinais de alguém que pensa em cometer suicídio: "Os principais sinais para a gente pensar que alguém pode estar com um adoecimento mental é uma mudança do padrão de comportamento. A nossa saúde mental interfere diretamente nisso. Então, nota-se uma pessoa que muda o seu comportamento e que deixa de se relacionar como costumava se relacionar; que se isola; que muda muito o seu jeito de agir, de tratar as pessoas; que não consegue continuar frequentando as aulas ou o trabalho da forma que frequentava; que tem diferentes formas de falar ou ver o mundo que possam indicar alguma alteração do pensamento. Os sintomas podem ser muito variados, porque tanto casos de esquizofrenia, de transtorno bipolar, de depressão, quanto de dependência química podem estar associados ao risco aumentado de suicídio. Assim, é importante que a família ajude marcando a consulta, procurando esse atendimento, quando julgar que possa ser necessário ou que a pessoa possa estar com a sua capacidade de autocuidado prejudicada".   

Como ajudar? 

Atenção aos sinais. A desesperança, o desamparo e o desespero são as sensações de alerta, as emoções predominantes das pessoas que pensam em suicídio. A médica psiquiatra Deisy Porto ensina que devemos escutar ativamente, com calma, e nunca desvalorizar o sofrimento da pessoa. Quando alguém fala que quer morrer, que não gostaria de estar mais vivo, preferia dormir e não acordar mais, começa a tomar atitudes para organizar a vida caso ela partisse, como testamento ou carta de despedida, é hora de agendar uma consulta médica.   

Cuidado com seus comentários. As pessoas em geral têm a falsa ideia de que quem quer se matar não falaria, mas faria. Essa ideia é muito distorcida, porque a maior parte das pessoas que acabou se suicidando tinha comentado, tinha procurado ajuda e muitas vezes inclusive de serviços especializados. Por melhor que seja a intenção do familiar, do amigo, comentar algo como "há pessoas sofrendo mais" ou "isso já vai passar" pode levar a pessoa a sentir que ela está sendo fraca, o que para alguém que está com um sofrimento mental vai ser muito negativo. É preciso cuidar com as palavrar e saber o que não falar.   

Interações respeitosas. No seu trabalho, na sua escola, ou na escola de seus filhos, procure observar se a comunicação e o diálogo respeitoso são praticados e valorizados. É importante se dar o tempo de ouvir as pessoas com quem convivemos, conhecendo-as e respeitando as diferenças. Todos somos responsáveis pelo combate a espaços e interações violentas. 

Equilíbrio. Mantenha, dentro do possível, um equilíbrio para descanso, momentos de lazer com as pessoas próximas a você e atividades que façam bem para a saúde espiritual, psíquica, mental, emocional e, com isso, busque gerar um bem-estar. Se perceber que o fardo está muito pesado, busque ajuda. Cuide de você e das pessoas ao seu redor.   

O principal é conversar e entender sobre o assunto. Ao mesmo tempo em que é importante que as pessoas se cuidem, a sociedade e o poder público também precisam refletir sobre como cuidar das outras pessoas. Então, procure saber como as pessoas ao seu redor estão, o que têm feito, como estão se sentindo. As causas do sofrimento mental e dos pensamentos suicidas são diversas. Por isso, se há uma desconfiança, pergunte! Às vezes as pessoas não pedem ajuda, mas dão sinais de que não estão bem, e é nesse momento que precisamos intervir, questionar e escutar para saber como ajudar.  

Devemos atuar na prevenção ao suicídio durante todo o ano, mas neste mês em especial aproveite para se informar, estude, participe das ações promovidas pelo Ministério Público de Santa Catarina e converse com as pessoas próximas a você sem julgamentos. Talvez alguém esteja precisando de ajuda. Um diálogo aberto, respeitoso, empático e compreensivo pode fazer a diferença.  

E se você não está se sentindo bem em relação a sua saúde mental, peça ajuda. Fale com seus familiares. Busque um tratamento psiquiátrico e/ ou psicológico. Você pode recorrer ao posto de saúde, ao CAPS e até mesmo às unidades de emergência e ao SAMU. Se você não tiver seu direito garantido, procure o Ministério Público. Todos nós estamos aqui por você, para te ajudar. Tudo bem não estar bem! 

Rádio MPSC

Ouça a Entrevista da Semana com o Coordenador do Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública, o Promotor de Justiça Douglas Roberto Martins, e com a presidente da Associação Catarinense de Psiquiatria, doutora Deisy Mendes Porto. 

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