Dois homicídios ocorridos no ano passado abalaram Bom Jardim da Serra, município de quatro mil habitantes conhecido pelas baixas temperaturas e pelas paisagens exuberantes. Em agosto, Julia, de 20 anos, foi estuprada e morta em uma estrada vicinal. No mês seguinte, Maria, de 33 anos, foi assassinada na frente dos filhos. Os dois crimes têm algo em comum: eles são atribuídos à mesma pessoa.
O réu, de 39 anos, está preso preventivamente no Presídio Masculino de Lages e já foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em dois processos penais distintos. O objetivo da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de São Joaquim é que ele vá ao Tribunal do Júri duas vezes.
"Todas as evidências responsabilizam o mesmo homem pelos dois crimes e estamos trabalhando para que ele seja julgado pela sociedade e receba penas altíssimas, proporcionais à gravidade extrema dos atos que cometeu", diz a Promotora de Justiça Stephani Gaeta Sanches.
Crimes estariam conectados
As investigações realizadas pelos órgãos de inteligência até aqui conectam os dois homicídios, apontando que, em 18 de setembro, o suspeito teria asfixiado e esfaqueado a ex-companheira Maria na frente dos dois filhos, e uma das motivações do crime seria impedi-la de contar às autoridades o que sabia sobre a morte de Júlia.
Ele se apresentou à Polícia como culpado pela morte de Maria e, posteriormente, foi denunciado pelo MPSC por homicídio com três qualificadoras (feminicídio, asfixia e emprego de recurso que dificultou a defesa).
Na época, Júlia estava desaparecida e não havia nenhuma associação entre os dois casos. Seu corpo só foi encontrado em janeiro, nas margens de um curso d'água na localidade de Rabungo. As evidências acabaram apontando para o mesmo suspeito e, nesta semana, ele foi denunciado por mais esse crime.
Segundo a denúncia, em 19 de agosto, ele teria estrangulado e estuprado a jovem, descartado o corpo e destruído seu celular e suas roupas para eliminar provas. Nesse processo, o réu é acusado homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e estupro contra vulnerável - pelo fato de a vítima estar inconsciente devido ao estrangulamento. As qualificadoras imputadas são o feminicídio, a asfixia, o emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e a motivação ligada a ocultação de outro crime (o estupro cometido anteriormente).
"Esse homem assinou a própria sentença ao cometer esses crimes, matando duas mulheres inocentes de forma covarde, e caberá à Justiça e à sociedade confirmar a condenação", conclui a Promotora de Justiça.