Bullying
Entenda o que é bullying, aprenda a identificar os sinais das agressões e saiba como agir em defesa da vítima. Bullying não é brincadeira.
Bullying são atitudes agressivas praticadas de forma repetitiva com intuito de humilhar ou intimidar uma ou mais pessoas.
Durante a vida escolar, os alunos podem viver alternância dos papéis, ora sofrendo, ora praticando bullying.
Veiculado principalmente na rede mundial de computadores (internet) e celulares, causa sofrimento incalculável, em virtude da velocidade com que a agressão se multiplica e, muitas vezes, por ser de origem anônima ou falsa.
Assista ao vídeo para entender o que é bullying em suas várias formas e saiba como ajudar.
No vídeo, o Promotor de Justiça João Luiz de Carvalho Botega explica o que é bullying, ensina a identificar os sinais das agressões e ainda o que fazer na defesa da vítima.
Leia depoimentos de quem já causou ou foi vítima de bullying
Bom, acho que a primeira situação em que sofri bullying foi no terceiro ano do colégio. Um grupo tanto de meninas quanto de meninos, ficava me chamando de "baleia", "rolha", "gorda", "quatro- olhos" (quando comecei a usar óculos), mas isso era o de menos. Por mais que machucasse um pouco ouvir coisas assim, depois vieram as agressões mais físicas: chutavam minha lancheira, mochila, quebravam alguns materiais meus e um dia acabei apanhando de um desses grupos de meninas. Esse foi só o começo. Isso ocorreu desde o terceiro ano até o sétimo. Em determinado momento, eu cheguei ao ponto de chorar todas as manhãs só de lembrar em ter que ir pra escola de novo e quando ia, não via a hora de ir embora. Algumas das situações mais sérias acabei esquecendo porque foi tão ruim para a minha vida que acabei apagando da minha memória sem perceber.
Na época tinha uma orientadora educacional que atualmente é aposentada. Ela não dava a menor importância para o que estava acontecendo. Nem a Lei Anti-bullying ela conhecia. Dizia que era manha minha e que nada estava acontecendo. Depois no sexto ano, mudou a coordenação, orientação e tudo, e os psicólogos e assistentes sociais do colégio me ajudaram, tentando fazer com que isso parasse, até que funcionou porque depois disso continuou só por mais um ano.
Durante uns três anos eu não tocava nesse assunto com meus pais e tentava demonstrar que estava tudo bem, mas depois eles perceberam que tinha sim algo errado, até porque esse bullying fugiu das fronteiras da escola e começou a ser presente em outros lugares, como um acampamento que frequentávamos. Eles iam conversando comigo e depois com a escola. No começo eu tinha um certo medo de falar alguma coisa porque acabava botando a culpa em mim mesma.
Eu perdia completamente a vontade de ir à escola, às vezes não comia, tentava emagrecer pra ver se essas coisas paravam, tinha vontade de fugir da escola. Uma época cheguei até a praticar bulimia por um tempo. Quando estava perto do fim disso, mas eu não sabia, pensei até em desistir de tudo, desistir da vida. Não dormia um dia sequer sem chorar.
Hoje em dia, por conta disso tudo que passei acabei mudando a forma de tratar as pessoas. Tento ser o mais atenciosa possível, não tratar com grosseria nem indiferença porque não sabemos pelo que cada pessoa está passando e eu sei como a indiferença pode machucar mais do que palavras.
Foi quando mudei de turma que as coisas começaram a piorar e antes que eu pudesse me dar conta estava sendo xingada nos corredores, excluída, olhada de cara feia e podia ouvir fofocas sobre coisas que eu nunca tinha feito.
As antigas amigas haviam se afastado por conta dos boatos e as novas amizades que eu estava tentando fazer só alimentavam o burburinho. Eu caminhava pela escola de cabeça baixa tentando bloquear os xingamentos que ouvia. Eu só queria morrer e que as pessoas que me faziam sentir assim também morressem.
Chegou determinado um momento em que eu só sentia um imenso vazio, um imenso nada e, sei que parece contraditório, mas isso era o que mais doía. O nada, o vazio. Não lembro bem como, mas minha mãe ficou sabendo e foi até a escola, a qual chamou todos para conversarem mais de uma vez. Foi apenas um ano, mas foi horrível. Quando as aulas terminaram naquele ano eu agradeci imensamente. Minha sorte foi reencontrar amigos de fora da escola que me ajudaram e ter meus pais ao meu lado.
A primeira situação de que eu me lembro aconteceu quando eu tinha seis anos, eu tinha acabado de entrar numa escola particular e meus pais não eram tão bem de vida como os pais dos meus colegas. Meus materiais não eram dos bichinhos que todos achavam legal, então começaram a me chamar de pobre. Algumas crianças chegavam a oferecer pedaços dos lanches delas pra mim, e riam muito. Por todo o tempo que eu fiquei nessa escola sofri bullying, foram 5 anos. Depois que começaram a rir de mim, eu passei a ficar depressiva, comia muito e engordei bastante. Então de pobre, eu passei pra balofa. Eles me batiam, me empurravam do balanço é uma vez fui até mesmo chutada na costela, que piorou minha escoliose.
Eu tinha poucos amigos e sempre senti que não era boa o suficiente, me sinto assim até hoje. Eu achava que precisava ser boa em alguma coisa, então eu estudava pra ser a melhor da sala. O que fazia eles me odiarem ainda mais. Lembro quando um deles falou que por eu ser uma menina e não ser rica, eu não merecia estudar. Tinha que aprender a ser faxineira. Eu nunca entendi por que eles me achavam pobre, por que nunca me faltou nada, eu só não tinha a abundância de parafernálias que eles tinham.
Eu não aguentava mais, então mudei de escola. Fiz muitos amigos, mas por eu já ser retraída devido a tudo o que passei na outra escola, eu era uma isca fácil para aqueles que se divertem com a dor dos outros. Meu peso ainda era um problema, então o apelido "balofa" continuou. Na sexta série eu desenvolvi bulimia nervosa. Eu comia muito na escola e corria para o banheiro. A bulimia não era mais suficiente, então eu comecei a cortar algumas partes do meu corpo que eram tapadas pela roupa. Minhas amigas um dia me ouviram no banheiro e me encaminharam pra psicóloga do colégio. Fiz acompanhamento até me formar. No ensino médio eu já estava mais confiante de mim, mudei de escola, mas ainda me deixava abalar com vários comentários, o que ainda acontece na faculdade. É um dano que vou levar para o resto da minha vida.
Eu me lembro de ter conversado com meus pais duas vezes. Na primeira, com uns 7 anos, eles falaram que era brincadeira de criança. Na outra, na época da bulimia, eles acharam que era mentira minha, porque "ninguém te odeia tanto assim".
As marcas que o bullying deixa são para a vida toda. Qualquer forma de evitar, nem que seja uma ou duas pessoas de serem machucadas, a cada dia, pode fazer com que muita dor e sofrimento sejam evitados. O debate nas escolas é importante por que vivemos numa época em que ser melhor é o mais importante, mesmo que você destrua os outros. Trazer esse assunto é mostrar o lado humano de todos.
Eu sofria bullying quando era criança e assim que fui para o ensino médio, mudei de escola e decidi que ninguém mais praticaria bullying comigo. A maneira que encontrei foi praticar bullying com os outros. Foi uma "defesa" errada.
Fiz bullying por três anos, durante o ensino médio. Eu tinha colegas de aula que participavam de uma religião na qual existiam algumas regras, como não poder cortar os cabelos e só usar saias compridas. Aquilo fugia do que era "normal", no meu ponto de vista do tempo. Piadas e deboche com outros colegas eram recorrentes.
Eu já sabia o que era bullying, mas, ainda assim, fazia comentários pejorativos com amigos. A escola na qual estudava tinha campanhas de combate ao bullying e participação frequente de assistentes sociais e psicólogas. A minha atitude em relação às colegas mudou mais próximo do final do ensino médio, quando passei a conhecê-las melhor e a aceitar a religião.
Se alguém fizesse comigo o que eu fiz com elas, eu me sentiria muito mal. Era algo diferente aos meus olhos de alguma maneira me chamava a atenção, porque fazia parte de um costume que era diferente do que a maioria da turma tinha.
Muitas vezes, por medo ou vergonha, a vítima de bullying não denuncia o agressor. Mas existem sinais que podem ajudar pais e professores a descobrir se a criança está sofrendo agressão.
Clique na imagem ao lado para assistir à animação que ajuda a reconhecer o que pode ser considerado um pedido silencioso de socorro ou ajuda de quem não consegue falar abertamente do que está sofrendo.