Em sua fala, a pedagoga Luciene Regina Paulino Tognetta destacou como as desigualdades foram aprofundadas com a pandemia e o papel da escola como parte da rede de proteção. "Crianças e adolescentes precisam de um cuidado especial, não podem ser tratados como adultos", disse a pedagoga, referindo-se aos problemas de convivência que não são recentes, mas muito anteriores à pandemia. "Isso significa que o tratamento especial, ainda que necessário neste momento, diz respeito a algo que não deve ser apenas pontual. Precisamos de estratégia de trabalho que organize dentro da escola um programa de convivência que, de fato, tenha sentido para dar conta dos problemas que as crianças vivem neste momento e em outros momentos em que também venha a se sentir angustiada, triste ou discriminada por seus pares", explicou.
Sobre o espaço escolar, Luciene ressaltou que a escola faz parte de uma rede de proteção. "A escola deve ser um lugar de bem-estar, onde crianças e adolescentes se sintam bem, pertencentes e protegidos. Quando me sinto pertencente e participo do planejamento, organizo as regras que regulam as convivência e discuto os problemas que existem entre os colegas, eu me sinto pertencente àquele espaço e me sinto bem. Assim a escola passa, então, a ser um órgão de proteção". Segundo a pedagoga, os métodos utilizados no dia a dia para a resolução de conflitos precisam ser repensadas como estratégias para minimizar os impactos desse momento. Nesse sentido, ressaltou também a importância do apoio entre os pares, principalmente entre os adolescentes.
A condução do seminário foi realizada pelo Promotor de Justiça e Coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude, João Luiz de Carvalho Botega, que lembrou que a acolhida dessas crianças e adolescentes pode ser feita antes, durante e depois do retorno às aulas. "O acolhimento psicossocial, como um processo que não se esgota em apenas um contato ou uma atividade, pode e deve ser realizado por todos, professores e equipes pedagógicas, além de articulação com os serviços de saúde", finalizou Botega.
Outros seminários
Além deste evento, foram realizados mais dois seminários virtuais, nos dias 8 e 14 de setembro, respectivamente com os temas "O cuidado em saúde mental e o manejo do luto: profissionais da saúde e trabalho articulado" e "Boas práticas em saúde mental de adolescentes e pessoas idosas: cultura e laço social". Nas mídias sociais, o MPSC continuará apresentado durante todo o mês orientações de saúde física e mental, abordando um dos paradoxos da pandemia: cultivar a proximidade e o cuidado diante da necessidade da distância.